O prefeito vai à escola (Francis Ivanovich)

19/08/2020

Textão de Francis Ivanovich

Hoje recebi a mensagem de um querida amiga, grande atriz e professora, indignada por ter de voltar à sala de aula porque o prefeito do Rio, o Sr. Crivella considera que está tudo certo para a volta das aulas presenciais. Os argumentos da amiga, dedicada profissional dos palcos e das salas de aula, me pareceram suficientes para eu, na minha humilde cabeça de escritor/cineasta, imaginar o prefeito do Rio menino outra vez, sendo obrigado a voltar à sala de aula em plena pandemia do Covid-19.

O relógio o desperta do sono. O menino Crivella vai para o seu primeiro dia de aula em tempos de pandemia. Na merendeira (ainda se usa merendeira?) um pão dormido com ovo. Ele agradece por essa merenda, ele sabe que muitas crianças não têm essa sorte, elas vão encontrar na escola a única refeição do dia. Ele veste seu uniforme orgulhoso, coloca a máscara decorada com motivos celestes. Ruma para a escola, alegre a cantar.

Ao chegar à escola, encontra um funcionário no portão organizando a entrada de dezenas de crianças sem máscara, que não conseguem ficar separadas uma das outras, como é recomendado. O funcionário começa a sentir um desespero. O menino Crivella se põe a ajudar o funcionário, a fim de evitar aglomeração. Claro que não da certo. Não se sabe como, algum colega levado arrancou sua máscara e sumiu com ela. E agora? Assustado, o menino Crivella pede ao funcionário uma máscara reserva, mas infelizmente não há disponível. Olha que problema! - Faz da camisa uma máscara, sugere o funcionário.

Resolvido (improvisado) este item de proteção, é hora de ir para a sala de aula. Temos de estudar! Epa! A sala está lotada, não há distanciamento. Abram as janelas. Mas as janelas não abrem e ligar o ar condicionado não é recomendado em época de contágio (Não tem ar condicionado). Bem que este inverno podia estar mais fresquinho, pensa o menino Crivella. A aula começa, mas a professora está tensa. Ela não se sente segura na sala de  aula com todas as crianças na sua frente. Ela pensa que algumas delas podem ser assintomática. Conclusão, a aula não rende e a professora os libera para eles irem para o pátio mais arejado.

O menino Crivela senta-se no pátio triste da vida. O seu primeiro dia de aula não foi o que esperava. Não aprendeu, perdeu a máscara e sente que a escola não é a mesma que ele frequentara antes da pandemia. Ao chegar em casa, o menino constata o que todo mundo já sabia. Enquanto não surgir a vacina, a vida não terá aceitável normalidade, e que as aulas só devem voltar quando houver segurança para todos e todas na escola.

- Aprendeu a lição?

Francis Ivanovich é jornalista, escritor e cineasta. 


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